E depois de 4 dias de descanso em casa volto ao local de trabalho. Não apetece, não quero ir para lá. Sinto-me a arrastar, sem ânimo, só apetece ficar na cama sem ver ninguém. Não tenho paciência para aturar clientes, nem colegas. 

Só de saber que vou sair tarde esta semana por estar no turno da noite, ainda me dá menos vontade.

Só me apetece desaparecer. 

Sinto-me em baixo. Dou comigo a irritar-me com o todos os que falam comigo. As lágrimas caem-me dos olhos com facilidade,porque choro de tristeza, de raiva, só não choro é de felicidade. É de novo aquele vazio, tenho casa, comida, trabalho e saúde mas não me apetece encarar aquele trabalho. 

Então com estes sintomas todos resolvi ir ao médico. Antes que as pessoas se afastem de mim ou eu perca o trabalho, fui ao médico. Fui medicada e voltei aos anti-depressivos. Andei a evitar mas já não dava para aguentar mais. Vão ser seis meses a tomar medicação. O que me entristece é ter certas pessoas ao meu redor e não puder afastar-me delas por serem colegas de trabalho, estão constantemente a observar o trabalho dos outros para poder apontar os defeitos e esquecimentos.

São gente que eu tento me afastar fazendo o meu trabalho e não consigo, vêem sempre atraz só para implicar. 

Pois, voltei ao trabalho no domingo passado. Com a notícia de que a minha colega M ía embora, a vontade de continuar ali é nenhuma. Vou ter que me esforçar o máximo possível mais seis meses que é o término do meu contrato e vou ver se arranjo outra coisa para me dar um rendimento. 

Não sou nem de perto nem de longe uma pessoa como ela. Não tenho aquilo que se chama um método de trabalho e a motivação ficou de rastos. Provavelmente terei mais um contrato de um ano, mas terei de ponderar muito bem os prós e os contras da minha situação.

Vou já dizer aqui que não estou a ser mal agradecida com tudo aquilo que consegui, sinto que amadureci mas também envelheci muito nestes dois anos.

Não me sinto muito feliz neste preciso momento. 

Isto de me armar em forte é o que dá. Acho que por vezes pareço bi-polar. Num momento quero uma coisa ,noutro momento quero outra coisa, não me decido. É assim no campo profissional,amoroso, em tudo. Há uma música que me define muito bem neste momento , "só estou bem onde nao estou... o resto não me lembro.

A cabeça está a mil,não consigo descansar. Tenho muita coisa em que pensar. A entrada na escola, o trabalho, as coisas do dia a dia. O Boy hoje está comigo, entramos na última semana e eu tenho que aproveitar os últimos cartuchos. E é sempre assim , o blog parece o muro das lamentações. Mas ele também existe para eu expor as minhas experiências. Podia ter arranjado um caderno, em vez disso arranjei um blog que de privado não tem nada.

Ontem fui me abaixo. Não sei se aguento psicologicamente o futuro. Acho que preciso de recorrer aos comprimidos, outra vez. A ver se o médico novo me receita. Já tinha falado com ele uma vez e o assunto ficou em "stand by".

Adormeço com dores de cabeça ,acordo com falta de ar. Este fim de semana passo-o a trabalhar , mas não tenho ninguém com quem estar logo à noite. Um dia quando tiver o meu canto vou me sentir mesmo sosinha. Nas semanas em que não tenho o Boy, nem quero pensar. Apetecia-me muita coisa ao mesmo tempo, era praia, passear,sei lá tanta coisa que nem sei o que dizer. Apetece-me tudo menos ir de trabalhar.

Sinto um aperto cá dentro. Uma dor de cabeça instalou-se em mim. Não ando contente por ter o que tenho, tecto , roupa lavada e comida na mesa. Não ando contente por ter um trabalho, talvez porque já não me dá prazer. Não sei o que é,mas sinto uma tristeza porque nada que eu faço me está a dar alegrias.

Eu estava quieta, mas as coisas saltam-me à frente dos olhos.

Aqui fica um vídeo para todos aqueles que passam ou passaram por isto ou até para quem tem alguém na família que sofre de depressão.

Sim morreu o ator Robin Williams ,gostava tanto de o ver representar ,em qualquer papel para mim era sempre bom.

Ainda por desvendar as causas da morte mas consta-se que sofria de depressão deixa mulher e três filhos de outros relacionamentos.

É a depressão tem destas coisas, os outros pensam que estamos bem mas não estamos. Vai nos corroendo e se nos isolamos é pior.

Pior é que quem cá ficou, nunca vai entender as razões para tal acto.

Falo por experiencia própria, sim sou propensa a esta doença, volta e meia ela faz-me uma visita. Até agora não foi profunda, consigo olhar em redor e  dizer: - não eu não me posso ir abaixo. tenho o boy para criar.

Até um dia Robin Williams.